A estrada infinita


  Guilherme já estava dirigindo por horas sem parar, para falar a verdade ele já perdeu a noção do tempo em que ele está preso ali, na verdade ele também não consegue se lembrar de muita coisa de antes dele parar alí, há alguns messes atrás(talvez), ele simplesmente acordou em seu carro após ficar por muito tempo desmaiado, Guilherme se lembra que estava indo pro trabalho em um caminho bem longo, mas alguma coisa aconteceu que o fez apagar e agora ele se ver naquele lugar. Uma grande estrada de concreto coberto por uma névoa branca, aos lados tem o que parece ser uma floresta, Guilherme não tava entendendo nada, tudo que conseguiu pensar em fazer era ligar o seu carro e seguir em frente, muitas horas depois ele começou a estranhar, se passaram várias horas e até agora não viu nenhuma casa, prédio ou qualquer outra construção, com praticamente ter se passado quase um dia, Guilherme para o carro e sai dele para poder analisar sua volta, fazendo um leve frio, de alguma forma não escureceu pois ainda estava claro mesmo ter se passado tanto tempo, ele olha para frente e para trás, aquele negócio parecia não ter fim, ele também sabia que o carro não iria durar para sempre, ele tem um galão de gasolina extra no porta malas, mas até ele acabar, antes ou ele morre de fome ou sede pois não parecia que Guilherme iria chegar até algum lugar, pois tudo que conseguia ver era uma estrada, névoa e árvores, mas sem muitas escolhas, Guilherme volta para dentro do carro, o liga e segue em frente.
  Muito tempo depois Guilherme já não aguenta mais, ele já perdeu a noção de quando tempo está ali, Já não aguentando mais, abruptamente freia o carro, ele sai e olha em volta tentando entender o que diabos está acontecendo, aquela coisa não parecia ter fim, Guilherme pensa um pouco e tem a ideia de ir pela floresta, um pouco precipitado e até idiota, mas já sem muita escolha e não conseguindo pensar muito por conta da sua situação estranha, apenas sai da estrada e adentra aquelas árvores. Em um lugar frio cheio de névoa, Guilherme anda na esperança de achar alguma coisa que o ajude, ou que pelo menos sair de perto daquela estrada, que ficou por tanto tempo que ele sentiu que podem ter se passado vários dias, também não aguentava mais ficar sozinho, então ele também tinha esperança de esbarrar em alguém, mas o pior que depois de um tempo não achou ninguém, Guilherme também não achou nenhum animal, nem insetos tinha aquela floresta está completamente vazia, era só ele, as árvores e a névoa branca, tentando ser otimista, Guilherme pensa que pelo menos parecia estar se afastando da estrada, Mas ele automaticamente isto tudo vai embora, mesmo depois de ter andado por tanto tempo, ele acabou chegando no outro lado da estrada, pareceu que ele andou em círculos, mesmo tendo andado em linha reta, Guilherme não queria aceitar que este era o mesmo lugar pois isto era impossível, mas a maior prova de que era a mesma era que o seu carro estava alí também, exatamente o mesmo, tinha até as marcas e na mesma posição, pelo visto não tinha saída daquele lugar, bem parecia que não existia saída pela floresta, então sem escolhas, Guilherme apenas entra em seu carro, o liga e  apenas segue a frente ainda mais a dentro daquela estrada.
  Já fazendo vários dias o carro parece que tem gasolina infinita, pois aquele medidor não mexeu nenhum centímetro, se deixasse o carro poderia seguir em frente sem parar, só parando se batesse em algo, mas parece que isto também não iria acontecer, pois Guilherme até agora não conseguiu achar nada de diferente, ele também não viu nenhum outro carro, moto, caminhão ou qualquer veículo que passa-se ali, o sentimento de solidão e a possibilidade dele ser a única pessoa naquela estrada, de vez enquanto ele fazia umas curvas, subia e descia algumas ladeiras, mas nada além disto, uma outra coisa a se notar é que simplesmente Guilherme não sentia fome, também não sentia sono, sede ou qualquer outra necessidade básica, era como se ele não precisasse atender a nenhuma delas, era como se alguém ou alguma coisa quisesse que ele continuasse em frente sem parar ou chegasse em algum lugar, e ele não podia parar, então sem muitas escolhas ele apenas continua em frente.
  Enquanto Guilherme tentava se lembrar do que aconteceu antes dele parar nesta droga de lugar, tentando vasculhar sua mente mas não consegue se lembrar de nada, tudo que ele se lembra é tudo preto, bem ele se lembra de uma batida bem forte, gritos, e que tem um galão de gasolina bem grande no porta malas. Neste momento ele freia o carro de forma muito brusca, então Guilherme pensa-"Pera, de onde veio está memória? Será que realmente tem gasolina lá?"-, Após pensar um pouco a curiosidade acaba surgindo e crescendo, sabendo que sem dúvida poderia se arrepender sai do carro em meio a névoa que ficou mas tensa do nada, vai para trás do veículo e abre a porta. Lá dentro não tinha nenhum galão, mas sim um monte de pedaço de papel com coisa escrita, quando ele ía estender a mão para pegar um, do nada vem um vento muito forte que entra no porta malas, isto então acaba espalhando os papéis para um monte de lados, eles giram em torno de Guilherme que o deixa muito confuso e perdido, um monte de flash em sua mente, então ele começa a se lembrar, um acidente de carro, envolvendo o carro dele e outro, dentro dele estava ele e uma menininha, ele não sabia exatamente se era a filha dele, mas antes que ele possa se lembrar, um ataque de tosse bem forte, tanto que o fez ficar de joelhos no chão, então ele cospe algumas gotas de sangue, os papéis que o rodeavam param e caem no chão, assim Guilherme olha para baixo e ver o que estava escrito neles, em caneta preta e com letras bem grande: SUPERE, NÃO FOI SUA CULPA, ACEITE, SUPERE, AGORA NÃO TEM VOLTA, APENAS ACEITE. Essas frases se repetiam em todos os papéis, e parecia como se alguém tentasse te convencer, falando e pedindo a mesma coisa até tu fazer sabe? Enfim, Guilherme ainda sim não entendia o que eles queriam dizer, olhando para baixo levanta a cabeça, o homem toma um susto pois a sua frente no meio da névoa, uma menininha, não era a mesma que ele viu em sua memória, ela tinha um cabelo preto bem longo que continua no chão, ela era bem pequena, parecia ter só alguns centímetros de altura, pele pálida e tinha uma frança que cobria seus olhos e ela tava com a cabeça abaixada, um de seus braços tava estendido no qual segurava uma grande foice, bem maior que ela, Guilherme com medo faz um monte de perguntas, quem era ela? Que lugar era este? O que diabos estava acontecendo? Fica por alguns minutos sem respostas(que pareceram horas), O homem fica tão transtornado, ele pisca os olhos rapidamente, neste curto espaço de tempo a garotinha que estava lá no fundo se transporta para frente, nem deu para ver ela se movendo, isto acaba a assustando Guilherme, a menina então levanta a cabeça e mostra o seu rosto, e ela era bem fofinha apesar de tudo, o homem até se surpreende pois não esperava está, então ele faz a mesma pergunta, a garota abre a boca e fala-"Eu não posso fazer muito por você, apenas aceite que não tem mais volta"- isto acaba deixando ele ainda mais confuso, se levanta e pede para ela pelo menos dá uma pista para ele, a menininha então apenas aponta para frente além do carro, Guilherme olha e forçando a vista, na névoa ao lado da pista ele viu a sombra de um posto de gasolina, ele podia jurar que não o tinha visto quanto estava dentro do veículo, mas a está altura do campeonato ele apenas desistiu de entender a lógica daquela estrada, Guilherme se vira olhando para baixo e perguntar mais coisas para a menininha, porém ela simplesmente sumiu sem deixar rastros, simplesmente desapareceu naquela névoa. Bem, sem muita escolhas Guilherme decide ir até aquele posto de gasolina, mas ao envés de entrar no carro de novo e dirigir até, ele pensa que poderia ir a pé desta vez, o mesmo já não aguentava mas ficar sentado naquele banco, então ele apenas abandona o veículo e começa a caminhar até a estrutura que se escondia naquela neblina.
  Alguns minutos depois de andar, Guilherme fica frente a frente com o posto de gasolina, ele parecia ter cara de lugar abandonado, tanques e metais enferrujados, depois da área de abastecimento tem a o resto da construção, tinha 3 portas, um do banheiro, outro da área de descanso e uma bem grande de vidro no meio que era a loja de conveniências, primeiro o homem tenta abrir as dos lados, porém a duas estavam trancadas bem presas, assim ele só tem uma opção, chegando perto da porta de vidro, ela se abre automaticamente, como se fosse normal, porém mas uma vez a normalidade é quase nula, pois o que deveria ser uma simples loja, é apenas um grande abismo preto sem nada, Guilherme meio que atraído entra, a porta que ficou atrás dele se fecha abruptamente, com o som ele se vira, e como tudo ela desaparece, preso no abismo o homem olha em volta procurando alguma saída, quando ele para em uma direção, uma luz bem forte se abre como se fosse um holofote, nele tinha uma maca de hospital e uma máquina de batimentos fazendo o som de bipe, mesmo não tendo ninguém deitado ali. Guilherme se aproxima para analisar melhor o que era aquilo, o clarão vindo de cima começa a piscar, em um destes intervalos, na maca começam a aparecer vários pedaços de metal enferrujado e peças de carro, a máquina indica estado crítico, o homem sente uma dor muito forte no peito, com as luzes piscando, mas coisas aparecem na maca, peças, ferrugem, pregos, marcas de fogo, gasolina, a dor no peito de Guilherme aumenta, flashs aparecem em sua mente, a criança chorando, ele descobre que eles tinham batido em algo com o carro, não conseguindo se concentrar se ajoelha, vindo de cima aparece várias borboletas roxas que começam a voar em volta muita, eram várias, tanto que acaba quase formando uma parede, na maca entre as piscadas da luzes, aparece mas coisa, e agora sangue que cobre e deixa o pano bem vermelho, os batimentos da máquina ficam mais críticos, Guilherme no chão apenas sente mais dor no peito, pelo menos aquelas memórias ficam mas visíveis, ele estava levando a menina em seu carro, não sabia dizer se ela era filha ou alguma parente dele, o importante é que eles estavam na saída da cidade, quando eles atravessavam o cruzamento, mas no meio, do outro lado veio um caminhão em alta velocidade que acaba batendo na parte de trás do veículo dele, mas justo neste momento corta pois a dor no peito de Guilherme fica gigantesca, a maca fica com uma grande pilha de metal, ferrugem e sangue, a máquina de batimentos faz o som de alguém que acabou de morrer, neste momento então Guilherme vai no chão e desmaia. 
  Minutos depois Guilherme acaba acordando, abrindo os olhos olha para cima e começa a chorar, pois acabou de se lembrar do que fez, se levanta e percebe que acordo no lado de fora da lojinha, onde agora na porta estava pendurado uma plaquinha escrito:"FECHADO", o homem ver que ainda está no posto de gasolina abandonado, ele pensa um pouco e caminha para fora dele, e mais uma vez ele fica naquela estrada, envolto de toda aquela névoa, Guilherme olha para esquerda onde estava o seu carro e depois para a direita onde continuava a estrada, ao envés de ir pro seu veículo, ele decide ir pro outro lado, se aprofundando naquela estrada.
  Naquela névoa, Guilherme começa a se lembrar, ele era pai de uma pequena família, ele e sua esposa sempre brigavam, principalmente pelo fato dela não cuidar bem e sempre bater na filha deles, então em um dia tomando uma decisão precipitada ele colocou ela no carro e simplesmente a levou para longe, não sabendo muito bem onde, Guilherme só queria deixar sua filha segura, porém quando chegou numa cruzada e ía passando, de um lado veio um grande caminhão, que acabou batendo no carro e causando um grande acidente, o homem tinha sido jogado para fora do veículo, caindo no asfalto, se via que muita gasolina tinha sido derramada, porém sua filha ainda estava dentro do carro, desmaiada e presa pelo cinto, Guilherme tinha que salva-la antes que aquilo tudo pudesse explodir, se arrastando ele consegue abrir sua porta, o homem estava tentando forçar para que e o cinto arrebentar, lá fora o fogo foi produzido a partir de uma faísca que pegou no rastro de combustível, desesperado Guilherme usa toda a sua força, então finalmente ele quebra o cinto e leva a sua filha para fora, mas quando estavam se afastando, o caminhão explode, a explosão acaba os arremessando para frente com muita força, a última coisa que o homem se lembra é dele praticamente voando abraçado de sua filha, então sua cabeça acaba acertando algum poste que afundo em seu crânio, causando um traumatismo, isto deveria o matado, mas ao envés disto o fez acordar naquele lugar, ele não sabia o que aconteceu com sua filha depois, se conseguiu salvar ela ou acabou morrendo no final daquele acidente, independente do que houve, Guilherme sentia uma culpa gigantesca, pois em teoria se ele nunca tivesse pego sua filha, isto nunca aconteceria, então ela pode estar morta agora ou até pior,(existem coisas piores que a morte) o homem então começa a chorar e desaba no chão, ficando bem no meio daquela estrada, a culpa o estava consumindo, mas neste momento um vento bem forte passa por ali, quando para acaba trazendo o som de pequenos passinhos se sapatos, o homem já sabendo quem deveria ser, a sua frente vem aquela menininha bem pequena, de cabelos pretos enormes, manto preto e uma foice bem maior que ela, ao ficar a frente dele, os dois tem uma rápida conversa, com a garota mais uma vez surpreendendo, tendo uma voz bem doce.
???-Acredito que você já deve ter adivinhado quem eu sou exatamente, né?
Guilherme-Acho que sim, mas não era bem o que eu esperava de você segundo as descrições.
???-Eu tenho várias formas, além de eu gostar muito de ficar assim, é muito mais fácil fazer o meu trabalho quando as pessoas querem apertar as suas bochechas ao envés de fugir.
Guilherme-[Tosse]
???-Acredito que você tenha várias perguntas, todos tem quando chegam a está hora.
Guilherme-A está hora? Quer dizer então que eu morri?
???-Eu não posso ser tão direta, mas acredito que você já tenha juntado as peças.
Guilherme-É, que lugar é este? Estamos na Terra por acaso?
???-Quase isto, aqui é uma passagem, os humanos dão muitos nomes para isto,"Limbo, purgatório e etc", é um dos vários caminhos que serão o fim ou continuação de sua jornada, de novo não posso ser tão direta.
Guilherme-Como que saio daqui?
???-Algo está de perdendo como uma âncora, olha, estrada infinita é só um nome, ela irá acabar quando você se soltar destas correntes, até lá ela se espandirar para muito além, até onde eu sei não terá limites até que isto aconteça.
Guilherme-Que âncora? O que é isto exatamente.
???-[A menina passa a mão no rosto de Guilherme enxugando um pouco as lágrimas], você sente falta de alguém?
Guilherme-...Você já deve saber de quem né?
???-Talvez.
Guilherme-Pode me falar o que aconteceu com ela? Ela está bem?! Ela está aqui?
???-Calma, calma, primeiro de tudo o que você está sentindo além de saudades, culpa, este é um sentimento que corrói as pessoas por dentro.
Guilherme-Sim, é que naquela rua, minha filha, eu não sabia.
???-Calma Guilherme, não foi culpa sua, você só se preocupava muito com sua família, e você não teria como saber daquele caminhão que causou o acidente, isto poderia acontecer com qualquer um.
Guilherme-Espera como você sabe?...
???-Qualé este é o meu trabalho, eu em todos os lugares em que uma morte acontece, só esperando levar mais um pro além, mas não me julgue, este é apenas o processo natural das coisas, eu só ajudo a tudo funcionar como uma engrenagem, só tenho o famoso título pois é assim que as pessoas me conhecem.
Guilherme-Você tem um outro nome?
???-Você vai embora a qualquer momento, que diferença vai fazer se eu contar?
Guilherme-Se não faz diferença me conta aí, não tenho mais nada a perder
???-...O meu nome verdadeiro ééé Lilly.
Guilherme-[PENSANDO:Meu Deus o nome é tão fofo quando o resto]Enfim Lilly, O que eu faço agora?, minha filha está bem? Por favor me dê um sinal!
Lilly-Eu já disse, não posso falar muito e também, que diferença faz? Você mesmo já acrescentou o argumento.
Guilherme-Como assim?
Lilly-Para quê se preocupar? Se no final de tudo não irei levar nada?
Guilherme-[Chora]Eu, não sei, talvez seja verdade, só queria saber disto antes de ir, se nada irar valer no final, preciso aproveitar o máximo antes que aconteça! Eu só quero saber pelo menos isto por favor, eu, eu...
Lilly-[Faz carinho na cara dele, e beija a sua testa], Por isto a vida humana é a minha favorita, vocês consegue dar valor as coisas mais simples.
Guilherme-[Chora ainda mais e abraça Lilly]Ela está bem?
Lilly-Em primeiro lugar[Lilly abraça de volta] Nada foi sua culpa, ninguém, nem eu tem controle do que vai acontecer no futuro, tudo pode acabar uma hora ou outra.
Guilherme-Tttá...
Lilly-E veja tem o lado bom disto tudo.
Guilherme-O que?
Lilly- independente do que aconteceu com sua filha, ela sempre irá ver o seu pai como um herói.
Guilherme-[Abraça Lilly com mais força, e chora de alegria]Eu entendi, ela não ía querer que eu ficasse assim.
Lilly-Não me parece o final digno do herói que ela imagina.
Guilherme-Eh, tem razão.
  Neste momento o homem solta Lilly e se levanta, neste momento em que ele fechou os olhos e abriu de novo, a menina desapareceu e no lugar saiu várias borboletas roxas que voam para longe e somem na névoa, Guilherme fica parado ali por um tempo pensando, então ele enxuga as lágrimas e continua em frente. Alguns minutos depois, ele chega no que ele imaginava chegar, o final naquela estrada, ou pelo menos um final para ele, era um rio bem grande que cortava o caminho, Guilherme chega perto e ver que nele tinha uma espécie de canoa ou um barquinho, onde estava uma pessoa bem baixinha que estava sendo coberta por um manto e um capuz azul escuro, assim não dando para ver nenhuma outra característica além do pequeno tamanho, Guilherme fica frente a frente com o barco e fica exitante em entrar pois já sabia exatamente onde este veículo iria o levar, mas ele respeitar um pouco e percebe que já tinha aceitado o seu destino, então ele entra e se senta, então o barqueiro começa a remar, então por uma última vez, Guilherme espera ser levado até onde toda a sua jornada ía acabar.

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